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terça-feira, 18 de novembro de 2008

O retrato da amizade


Estou passando por uma das fases mais intensas de minha vida: a de rever velhos amigos. Amigos são verdadeiros tesouros inestimáveis que se encontram bem no fundo da alma...às vezes tão fundo que ficam perdidos em meio a memórias e datas. Escondidos nas paredes do ontem e que se revelam até em nossos próprios atos.

Tudo em nós reflete o convívio com algum grande amigo. Claro que ele deve ter deixado em nós algo que gostaríamos que tivesse sido ou acontecido com nós mesmos. São as marcas na alma, carimbadas com o coração. Assim foi minha amizade com Beth. Lembro-me de quando estávamos na casa dos 15, 16 anos e da irresponsabilidade que aflorava em cada respiração dada na ânsia de inspirar a vida que batia apressada do lado de fora.

Lembro-me de cada carona e da escolha dos carros...o da moda era o puma. Lembro-me das aulas que matávamos para sentir o gelado do copo entre as mãos. Lembro-me do nome de cada lugar que íamos, às escondidas e na companhia de quem se tornaria sem importância para o dia seguinte...

Copiava seu redondo pingo do i, seu esmalte, seu jeito de cantar e sua forma irreverente de olhar o belo, na tentativa de copiar a mestra como discípula voraz em aprender as lições da vida, como se a maestria das ações denotassem a real verdade do que se passava em nossos corações...

Hoje, 30 anos após tantos retratos amarelados presos na memória, ouso dizer que a tecnologia nos aproximou, essa mesma tecnologia que pinta os desbotados das fotos, mas não consegue esconder algumas tristezas que ficaram lá atrás.

Mas o que realmente importa é o hoje, o maravilhoso hoje que nos trouxe a alegria do reencontro, do eco sonoro que insiste em bradar que ainda estamos vivas e felizes, apesar de tudo. Passamos pelo implacável tempo e saímos vencedoras juntando o que nos restou de mais lindo: os pedacinhos de nossa grande amizade para agora, finalmente, restaurá-la da forma mais gratificante já sonhada pelo ser humano: com nossos sorrisos estampados nas caras de nossos filhos. Beth é hoje Vinicius...eu...sou Elisa e Davi...

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